2.11.2009

Goodbye Lenin!

Desde que estive em Berlim, há uns meses, que tinha pensado rever este filme que, tive oportunidade de o ver no cinema (2003). Pois bem, foi hoje, precisamente, agora mesmo.
Good Bye, Lenin! - Adeus, Lenine!, do realizador Wolfgang Becker é um dos grandes filmes da produção contemporânea. O argumento, é de todo original e espantosamente bem adaptado. A concreta fita, conta-nos a história (familiar) de uma mulher e dos seus filhos que vivem para lá da já derrubada "cortina de ferro". Ela, uma mulher convicta e, partidariamente socialista que, quando vê o seu filho Alexander numa manifestação anti-comunismo reclamando liberdade, tem um ataque cardíaco, ficando oito meses em coma. De notar que estamos no Outono de 1989. E, neste espaço de tempo, todas as grandes transformações do fim do século XX ocorrem precisamente naquele tempo, e naquela cidade - Berlim.
Quando acorda, sem saber, o mundo e a sua RDA mudaram. Contudo, e, por correr perigo de ter outro enfarte, o filho faz de tudo para que ela nada note, quanto às enormes alterações que estavam em curso. Enfim, todas as peripécias ocorrem a partir daí: desde uma estátua de Lenine a ser transportada no ar por um helicóptero, ou, à suposta rendição da Coca-Cola ao socialismo.
Com uma realização deveras divertida (por vezes, quase infantil - aceleração de imagens), e bem conseguida (a interposição de vídeos e imagens da época de fonte jornalística), o realizador conseguiu desta forma retratar os episódios recentes da queda do Muro de Berlim, além da reunificação das "Alemanhas" de um modo diga-se, original. Wolfgang Becker foi também inteligentíssimo nas sucessivas analogias e antíteses que vai fazendo ao longo de toda a longa-metragem: a saída de casa pelo pai para a RFA e, as viagens espaciais de 1979; ou ainda, um Trabant revestido a Coca-Cola. O mesmo, retrata tão bem ainda, a "loucura" capitalista para os habitantes do east side, fascinando-se p.e. com uma artista porno masturbando-se na TV, ou com o fast food da Burger King.
São ainda de destacar os espaços e as roupas utilizados: os primeiros numa representação viva de um espaço modesto em recursos mas, exagerado em literatura e música clássica, tendo como pano de fundo apelativos papeis de parede; os segundos um autêntico revivalismo (para nós, claro) do "integral ganga", tão "moderno" no início dos 90s.
Em suma, a sublime banda sonora de Yann Tiersen (a qual também acompanha a película Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain) parece criar no espectador um sentimento melancólico de tudo, no entanto, aquilo que vamos vendo contradiz precisamente aquilo que vamos sentido a ouvir. É mais uma das antíteses propositadas de Becker. Enfim, aquilo que somos começa e acaba naquilo em que acreditamos e nos tornamos convictos.
Nota: 9

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