2.05.2009

Revolutionary Road

Há alturas em que a escassez de bons filmes assusta dado o (excessivo) tempo livre para ir descontraidamente ao cinema e, outras em que o completo "bombardeamento" de óptimos filmes nos torna as escolhas mais difíceis, dado o escasso tempo que vamos tendo para ir ao cinema. Esta é sem dúvida uma altura que se inclui na última.
Sem mais, (e, tentanto "ganhar" tempo) fui hoje ver Revolutionary Road - Apenas um sonho, de Sam Mendes. Tinha uma enorme expectativa sobre tal película e, eventualmente por isso mesmo, não saí do filme surpreendido, ou sequer encantado com o mesmo. Este, não tem de todo um argumento original ou inovador, pelo contrário, é já uma temática recorrente do realizador de ascendência lusa. Como é sabido, Sam Mendes realizou entre outros, American Beauty - Beleza Americana, filme que já aborda (e, bem melhor) as problemáticas do american dream e/ou american way of life.
Contudo, e, contrariamente à película que lhe valeu o Óscar, assistimos às meritórias interpretações do casal Titanic - Winslet e DiCaprio. O filme é deles, existe para eles, vive deles. Durante as duas horas da longa-metragem o pano de fundo resume-se ao duo que formam enquanto casal suburbano, que vive na periferia da "cidade" e, aos seus problemas (quase existenciais). Vivem numa angústia angustiante, vivem num "vazio desesperante" (como afirmam) e, mesmo tendo consciência (a qual é diversas vezes personificada pelo "louco" - Shannon) disso, assistem impávidos mas não serenos, à sua conformação a corolários/convenções sociais que tão teoricamente rejeitam. DiCaprio vive para trabalhar (mesmo não se sentindo nada realizado com o que faz), pensando que a felicidade que tanto anseia se concretiza e, em si se encerra, numa "bibenda" com mais de duzentos metros quadrados e um bocado de relva, com um carro na garagem. Vidas rotineiras, monótonas, gente do pós-Guerra que vive o boom económico americano. No fundo, gente que "vai na onda" do parecer, nunca do ser.
De notar ainda, a simbologia variada e recorrente de excertos e certos elementos visuais no filme (sangue p.e.), tão intiligentemente reproduzidos, acompanhando o diálogo visual que Sam Mendes insiste em manter connosco, nomeadamente, através da pormenorizada e exelente decoração interior da casa, qual coliseu, palco de uma tragédia grega.
Nota: 6

1 comentário:

  1. Também vi esse filme no sábado e fiquei bastante contente com o resultado. Tive 2as reacções engraçadas: a 1a foi o facto de até metade do filme não gostar nada da "seca" que me estava a ser dada. Depois melhorou imenso e o filme é de facto bom, apesar de achar que a grande interpretação é dela (cada vez melhor, mais deslumbrante...). A 2a, e sem saber que o filme era do Sam Mendes, foi o facto de à medida que o filme ia passando eu dizer para mim mesmo que tinha quase a certeza que era dele. E quando vi os créditos no fim confirmei e sorri... Já vou percebendo alguma coisa de cinema.

    Abraço

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