Criptomania: 4 anos depois
Há 5 semanas
Depois de ter ficado em falta (por não ter visto e já não estarem nas salas de cinema) com Frost/Nixon, Rachel Getting Married e The Visitor, decidi ver hoje The Wrestler - O Lutador, do realizador Darren Aronofsky.
Depois de ter escrito acerca de Vicky Cristina Barcelona e, em concreto sobre Woody Allen afirmando: "mais, só não o adorei porque não sou propriamente fã do realizador", senti que fora algo "vago", melhor, pouco explicativo com a mesma expressão, no limite, quase injusto para com o cineasta. Precisamente por isto, não servirá a presente crónica como uma expressão contraditória à opinião publicada anteriormente sobre Allen, mas antes como uma opinião acerca de um filme (que adoro) incontornável na história da "Sétima Arte", e que torna Woody Allen um bom realizador.
Já há alguém tempo que estava para ir ver um qualquer filme ao Teatro do Campo Alegre. Fui hoje, acompanhado de uma sala literalmente vazia. Diz certa crítica que, contrariamente aos restaurantes, quando uma sala de cinema está vazia ou quase vazia, significa que o filme é bom. Enfim, um mero barómetro (ainda) sem comprovação empírica.
Vezes há em que vou duas vezes por semana ao cinema (um número razoável), outras como hoje em que vou duas vezes no mesmo dia. No mínimo excêntrico.
Um dia complicado o de hoje: depois de mais uma reunião de ERASMUS na faculdade, lá fui, obrigado por certas "administrativices", à loja do cidadão tratar de coisas muito chatas. E não é que me deparo com 3 horas e muitas de fila de espera?! Medo. Ainda tentei ler a Courrier Internacional mas de nada adiantou o tédio social dos serviços de Segurança Social. Tinha portanto que ocupar o meu tempo. Pois bem, passados meses da estreia de Vicky Cristina Barcelona, do mestre Woody Allen, e, prestes a sair da única sala de cinema do Porto onde ainda está a ser exibido, decidi ocupar de alguma forma o meu tempo de espera vendo a mais recente obra do cineasta nova-iorquino.
Uma sala estridente, histérica, impaciente, barulhenta. Esta foi a plateia de hoje. Péssima!
Uma estreia que mais parecia ter uma audiência de um qualquer filme em exibição há semanas, ou mesmo meses no grande ecrã: apenas 8 "cinéfilos". Admito que os mais entusiastas com "as estreias da semana" tenham visto, e claro, enchido a big room de Bride wars - Noivas em guerra, ou, Gran Torino de Clint Eastwood (no qual, tenho uma enorme expectativa).
Há realizadores que, ou se adoram, ou se odeiam. Pedro Almodovar é um exemplo disto mesmo. Com um trabalho reconhecido e aclamado pelo público e pela crítica, Almodovar é um nome inultrapassável no cinema em geral, no cinema espanhol em particular. Com um trabalho, um estilo de realizar muito próprio e, com uma abordagem amplamente reflectiva sobre a sociedade e alguns dos seus aspectos mais intímos, o realizador europeu tem o dom de tratar de temáticas (muitas vezes) tabú de uma forma no mínimo sui generis.
Findou hoje mais um fim-de-semana. Um fim-de-semana que teve como epicentro da vanguarda artística e cultural a cidade do Porto: afinal, no passado Sábado inauguraram as galerias de arte contemporânea do chamado, "quarteirão de Miguel Bombarda". Um verdadeiro evento cultural que, torna ainda mais, o Porto como um centro de desenvolvimento cultural e social, enfim, torna a Invicta além de uma cidade turístico-gastronómica (p.e.), uma cidade de cultura e cosmopolitismo. Áreas que devem ser a aposta no novo turismo em Portugal. Obras de artistas como Ângelo de Sousa ou Gerardo Burmester estão presentes em alguns espaços de difusão e comunicação artística da Rua de Miguel Bombarda no Porto.
(Deveria ter sido ao contrário mas), depois dos Oscars, hoje fui ver Slumdog Millionaire - Quem quer ser bilionário?, longa-metragem vencedora este ano, do realizador de Trainspotting ou Sunshine, Danny Boyle.
Antes de sair de casa para ir à aula de francês a vontade era pouca ou, mesmo nenhuma em atravessar a Avenida da Boavista até à Alliance Française. Porém, o mesmo estado de vontades depressa se alterou quando a encantadora Professora nos oferece convites para a ante-estreia de um filme. Estado de vontades: (agora), no seu melhor; (apesar de ser nas pouco confortáveis salas - sem pipocas - do Cidade do Porto). Pois bem, vim de lá agora.
Depois dos óptimos dias que passei em Itália, nada como voltar à rotina. (Comummente costumamos utilizar a palavra rotina, como que associada a um hábito ou a uma prática reiterada de certos comportamentos, com um sentido não positivo. No entanto, nem sempre assim o é: afinal as várias idas ao cinema são prova disso mesmo).
Ganhar a Vida, do realizador João Canijo tem à primeira vista um argumento pobre, banal, comum, enfim mais do mesmo. E, no limite, assim o é. Contudo o discípulo de Manoel de Oliveira, como quem trabalhou no início dos anos oitenta, e/ou de Wim Wenders, adapta-o de forma brilhante.